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quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Quimioterapia

10:15 da manhã. Segunda-feira. Estou na sala de quimioterapia, aguardando a Ana aplicar a medicação que me foi prescrita pelo médico. Esta será a primeira aplicação de Onco-BCG de uma série de seis num primeiro ciclo. Temo pela dor. Minha uretra está bastante traumatizada por causa da última cirurgia, por iso estou apreensivo. Mas vai passar. Daqui a duas horas e meia estarei indo de volta para casa. Os outros pacientes aguardam calados, olhares fixos no vazio. A televisão ligada na sala parece não cumprir o seu papel de entreter e não chama muito a atenção de nenhum de nós. Por isso escrevo rascunhando neste caderno que escolhi por companhia. Por isso é que o nome é "paciente", porque aguardamos e esperamos com paciência que tudo isso um dia acabe. E se esperamos significa que temos esperança. Somos movidos por ela, pois sem ela não existe razão de viver e enm motivo lógico para a própria existência. A janela da sala é panorâmica, dela avista-se quase toda a cidade. Longe... Distante... Indiferente ao que passamos e sentimos aqui dentro. A Ana já solicitou a medicação ao enfermeiro auxiliar. Sofro por antecipação. A aplicação vai durar poucos segundos. Quero acreditar que não vai doer tanto. Se a dor pode ser psicológica, tentarei pensar em coisas agradáveis para esquecer: um por de sol, um banho de mar, uma deliciosa barra de chocolate. Tenho que parar de escrever. Minha vez agora...

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