Que me desculpem os meu leitores, que já há algum tempo têm acompanhado a minha situação. Faz meses que não escrevo nada a respeito, e muitas pessoas que têm passado pelo mesmo problema, têm visto em mim uma esperança para o seu caso. Talvez ao verem o meu silêncio, venham se perguntando "Mas a aí? existe ou não alguma esperança?" - E eu respondo: a esperança em mim nunca deixou de existir, e faço minhas as palavras de Nietzche: "Mesmo nos tempos de mais grave doença, jamais me senti doentio." Recebi alta hoje do hospital. Já até perdi a conta das vezes em que fui internado para o mesmo procedimento. Nos últimos seis meses foram 3 RTU's, e nos últimos 3 anos foram tantas que eu já nem me lembro mais dos números. E toda vez é como se fosse a primeira, a mesma agonia, a mesma dor...
A ultima vez que deixei o consultório de oncologia, saí com lágrimas nos olhos. Tinha passado por 12 sessões de onco-bcg, e a minha médica havia pedido um novo ultrason. Segundo o exame realizado, tudo indicava que o tumor havia voltado. E ela foi categórica quanto à solução: a retirada total da bexiga. Fui devolvido ao urologista (a coisa funciona mais ou menos assim: o oncologista encaminha para o urologista, ele faz alguns exames e depois encaminha de volta ao oncologista. A gente se sente às vezes como uma bolinha de ping pong, e nisso a doença é quem vai ganhando o jogo). Para ajudar, ao sair do consultório do urologista, fui atravessar a Avenida Brigadeiro Luiz Antônio, e ao correr pelo fato do semáro ter aberto para os carros, tive uma rutura muscular na perna esquerda de 17 cm. Resultado: um mês sem poder sair de casa, com a perna prá cima. Ainda assim, com difiuldades, tentei realizar os exames pré operatórios que o urologista havia me pedido. O cardiologista ao ver o estado da minha perna, não se contentou com um simples eletrocardiograma, e pediu outros exames mais específicos. Isso me tomou mais tempo. Depois o meu médico saiu de férias em dezembro, foi para um simpósio em janeiro, e só consegui marcar a cirurgia agora para o dia 2 de fevereiro.
E se eu me silenciei todo esse tempo, foi porque dias e dias de angústia me consumiram por completo nesse periodo. E eu me afundei na internet como alguém que busca uma fuga, evitando falar de cancer ou buscar qualquer assunto relacionado a ele.
Falei com o cirurgião hoje pela manhã. Ele me falou que visualmente, ele não identificou nenhuma lesão, mas que é cedo ainda para qualquer afirmação mais positiva. O material que foi colhido e que será encaminhado para biópsia é que vai determinar se há tumor ou não. Mas só o fato de saber que existe essa nova esperança, da possibilidade de não mais haver tumor, já me deu um ânimo totalmente novo para encarar os fatos daqui prá frente. É a primeira vez que isso acontece numa RTU que eu realizo... Até o resultado dessa biópsia que sai daqui há 20 dias, parece que ganhei um novo fôlego pra respirar. E isso é bom demais!...
