.Sempre adorei o Natal, essa época mágica do ano em que a família toda se reúne para celebrar a vida e o nascimento de um novo ano que se anuncia. Os enfeites, as luzes, as cores, os presentes... Todo esse encanto alimenta os sonhos de qualquer criança e também dos adultos.
Quando eu era criança, gostava de ajudar minha irmã mais velha a montar a árvore de Natal. Filho de imigrante, era uma tradição que a nossa família mantinha viva todos os anos. Naquela época as bolinhas ainda eram de vidro, e eu na minha inocência, não entendia porque minha irmã não me deixava pendurá-las. Eu achava que ela era ruim e que não gostava de mim. Hoje eu entendo bem o por quê: É porque elas quebravam. E justamente por gostar muito de mim é que ela não me permitia fazê-lo, para que eu não corresse o risco de me ferir com algum caco de vidro, caso uma das bolinhas viesse a cair no chão e se quebrar.
Família é assim mesmo. Quando existe amor verdadeiro, faz de tudo para que a gente não se machuque ao longo da jornada da vida. Mas infelizmente a vida pensa de maneira diferente, e muitas vezes acabamos nos ferindo por um motivo ou outro, mesmo sem saber por que. Faz parte da aprendizagem.
Nunca escrevi uma carta para o Papai Noel, nunca me disseram que as crianças deveriam escrever para o bom velhinho escolhendo o presente que desejavam ganhar. Ainda bem, pois se eu tivesse feito isso eu iria machucar muito os meus pais, muito mais do que mil estilhaços de vidro; pois a nossa situação era difícil, e nunca sobrava dinheiro para os presentes.
Certa vez indaguei à minha irmã por que Papai Noel não me trazia presentes no Natal, no que ela me respondeu que era porque na nossa casa não havia chaminé. E como Papai Noel entrava nas casas pela chaminé, não tinha como entrar na nossa casa. E eu aceitei aquelas desculpas como razoáveis, sem jamais perder o encanto do Natal ou guardar mágoa do Papai Noel por ele nunca ter me deixado nenhum presente.
Eu cresci e me tornei um adulto. Com o tempo fui deixando as coisas de criança para trás, na infância perdida... Foram os melhores anos de minha vida. Hoje eu gostaria de poder resgatar de volta todos aqueles sonhos, e tornar o ver o mundo outra vez através dos olhos de uma criança; pois apesar do pouco entendimento elas conseguem encarar com alegria todas as dificuldades sem jamais permitir que a esperança seja arrancada de dentro de seus corações. Elas sabem muito mais do que nós, por isso é que são felizes!